Nascido em Portugal e criado nos Estados Unidos, o rabino Henry I. Sobel (1944-2019) foi o judeu de maior destaque em mais de cinco séculos de história do Brasil. Inúmeros judeus desempenharam papeis importantes na História do Brasil, desde o polonês Gaspar da Gama, navegador de Pedro Álvares Cabral, João Ramalho e Fernando de Noronha, até Miguel e Celso Lafer, Luciano Huck e Sílvio Santos. Mas nenhum deles destacou-se “como” judeu e, sim, em suas áreas de atuação.
Sobel, não. A partir de seu posicionamento firme, recusando a tese da ditadura militar, de que o jornalista judeu Vladimir Herzog havia se suicidado – e não sido morto em meio à tortura, em 1975 –, Sobel transformou-se em ícone da defesa dos direitos humanos como valor universal e da luta pela consolidação da democracia no Brasil. Mais, foi “adotado” pelo país como um dos “senhores sociedade civil”, cujas opiniões são sempre requisitadas pela mídia, a academia e o mercado. Ao lado de personagens como Herbert de Souza Filho, o Betinho, pai espiritual do Programa Fome Zero.
Ao longo de quatro décadas de trabalho no Brasil, não houve um momento politicamente importante em que Sobel não estivesse lá. Foi uma voz respeitada por todos os presidentes da República, de João Baptista Figueiredo a Jair Bolsonaro, passando por Fenando Henrique Cardoso e Lula.
É a vida e a obra desse personagem contraditório, um dos mais fascinantes da história recente do Brasil, que o Projeto Henry Sobel – História e Memória pretende resgatar. Um dos eixos do projeto é a biografia “Henry Sobel – o rabino do Brasil”, que teve todo apoio da família Sobel para ser nada chapa-branca. Lá, o(a) leitor(a) encontrará revelações importantes sobre os bastidores do relacionamento entre Sobel e o poder; sobre o diálogo inter-religioso, que ele acelerou no Brasil e no exterior, sobre a busca de valores roubados aos judeus pelos nazistas. Mas também sobre as divergências entre o rabino e a liderança judaica, sua vida pessoal e a relação sempre tumultuada com a ortodoxia judaica.
Sobel tocou a vida de tanta gente que seria injusto escrever sua biografia apenas em forma de narrativa. Assim, “Henry Sobel – o rabino do Brasil” inclui dezenas de “causos” contado por todo tipo de pessoa que conviveu com ele. São histórias engraçadas, curiosas, dramáticos, nem todas positivas para o biografado. Mas que ajudam a compor o quadro caleidoscópico que foi sua vida.
Por uma falha de edição, o prefácio de “Henry Sobel – o rabino do Brasil”, de autoria de Fernando Lottenberg, foi publicado pela metade. Pedimos sinceras desculpas ao autor e a todos os leitores e leitoras, e publicamos aqui o texto integral do prefácio.
Clique aqui e baixe o prefácio do Livro.